sábado, 16 de julho de 2011

Cuidados com a instalação de acessórios

Nem sempre os itens instalados na concessionária trazem garantia de fábrica

Escolha os acessórios corretos
Ao fechar a compra de um zero-quilômetro, o vendedor o convence a levar uma série de equipamentos, como trava e vidros elétricos, CD player ou controle remoto na chave. Entre os argumentos, ele diz que é melhor colocar na concessionária para não correr o risco de receber um mau serviço numa loja qualquer ou avisa que ficará sem garantia se instalar um simples rádio em outro lugar. Você aceita – e aí podem começar seus problemas. São comuns os casos em que esses equipamentos apresentam defeito e depois descobre-se que o acessório que comprou não é homologado pela montadora. Às vezes o cenário é pior: seu carro saiu de lá para receber os itens em uma loja independente por um valor muito menor do que você pagou.
A comerciante Vera Lucia Destro, 61 anos, teve problemas com seu Fox 1.0. “Primeiro foi o vidro do passageiro que não abria. Arrumaram na revisão. Depois foi o do motorista. Até hoje não consertaram. E foram eles que ofereceram o item como opcional”, afirma. Mas ele veio mesmo de fábrica? “Não sei dizer”, afirma. A dúvida de Vera é mais comum do que parece. Boa parte dos consumidores não sabe se o equipamento que optou por levar é original de fábrica, se foi instalado na concessionária ou se a revenda mandou colocar fora. Nesse caso, quem esclarece é o filho de Vera, Rodrigo Destro, que entende do assunto: “Não, os botões do vidro elétrico não são iguais aos do carro que traz o item de série. Pior é que só enrolam e não consertam”.
O analista de sistemas Fabiano Negreiros Alves de Souza, 29 anos, sabe bem o que é isso. Foram sete meses até conseguir consertar o vidro elétrico de seu Fiesta Sedan. “Eles me convenceram a colocar um kit de vidros e travas, além de alarme, sob o risco de perder a garantia se fizesse o serviço fora. Paguei quase três vezes mais por isso. Ao sair da revenda, vi que o vidro não fechava até o fim”, diz. Após muita reclamação, ele recorreu à Ford para resolver a questão.
Aqui cabe uma explicação que gera muita confusão na hora da compra: equipamento opcional é aquele que o consumidor – a partir de um catálogo – escolhe ter em seu automóvel ou não, mas que, quando aceito, é instalado na fábrica. Já o acessório é colocado na concessionária, portanto cobrado como um serviço à parte. Em tese, o acessório oferecido pela autorizada deveria ser homologado pela montadora e, portanto, deveria ser coberto pela garantia de fábrica, válida em qualquer concessionária da rede.
Não são apenas donos de populares que sofrem. O administrador de empresas Sebastian Arias, 34 anos, comprou um Nissan Sentra com fechamento dos vidros por controle remoto, item que nem existe na lista de opcionais. “Depois de algum tempo, o fechamento de vidros e o travamento das portas pararam de funcionar. Não falaram se era original, mas pensei que fosse, pois saía da concessionária instalado”, diz Arias, que ficou com um mico na mão. “Esse item não tem garantia de fábrica. Tem garantia da concessionária ou do fornecedor da concessionária. Qualquer problema causado pela instalação desse item não será coberto pela nossa garantia”, diz o diretor de pós-venda da Nissan, Justino Kawasaki.
Em vez de fiscalizar e punir quem instala equipamentos não homologados, as montadoras preferem transferir parte da culpa ao consumidor. “Mesmo dentro de uma concessionária, é preciso questionar a origem do equipamento. As autorizadas não são obrigadas a comercializar exclusivamente itens fornecidos pelas montadoras”, diz Edmilson Briotto, gerente de garantia da Peugeot.
“Vale lembrar que as lojas, apesar de serem autorizadas, são empresas independentes”, afirma Alexandre Cury, gerente de serviços e pós-venda da Honda. Mas ele indica onde mora o perigo: “Se a pessoa instala um Insulfilm, e o veículo tem problema na suspensão, ela será atendida pela garantia de fábrica, pois uma coisa não tem nada a ver com a outra. Já um kit GNV compromete de forma bem abrangente. Isso já aconteceu e a garantia foi cancelada”, diz.
Outra pedra no sapato são os kits flex que, pasme, são oferecidos até em concessionárias. Oficinas que convertem veículos flex de fábrica podem até tomar o cuidado de reprogramar o módulo da injeção eletrônica, mas muitos dos componentes que entram em contato com o álcool não são substituídos, pois sairia caro demais. O resultado no futuro pode provocar uma parada súbita ou até danos graves ao motor.
O ar-condicionado também entra na lista. “No passado já trabalhei para revendas. Mas ainda há muitas que instalam sim para concessionárias. Algumas até fazem esse serviço dentro da própria autorizada”, diz Raimundo de Carvalho, gerente da Klyciair, especializada em ar-condicionado. As fábricas se defendem dizendo que, além de dar treinamento, também ficam de olho nas concessionárias. “Temos uma equipe de consultores comerciais e de pós-venda com uma série de procedimentos para verificar o que está ou não correto”, afirma André Bassetto, analista de marketing da Renault.

Guia não-autorizado

  1. Confirme com o vendedor se é o equipamento original mesmo. Peça para ver a caixa e verifique se traz o logotipo da montadora.
  2. Peça para ver o catálogo do automóvel, que deve especificar que itens são de série, opcionais e acessórios. Uma consulta no site da montadora em casa às vezes pode resolver o problema.
  3. Exija nota fiscal e garantia em separado do item que será instalado. No caso dos acessórios, a garantia é responsabilidade da autorizada que realizou o serviço e do fabricante do equipamento (se for um defeito de fabricação). Mas é na autorizada que se deve reclamar primeiro.
  4. Caso ainda haja dúvidas sobre a garantia, entre em contato com o Serviço de Atendimento ao Cliente (SAC) da montadora.

Som pobre

Uma oferta muito rica de modelos faz com que os aparelhos de som automotivo sejam os campeões em incidência de problemas, segundo as montadoras. “É um item que causa desde o consumo excessivo da bateria até defeitos na parte elétrica”, diz Edmilson Briotto, gerente de garantia da Peugeot. Depois do som, o que mais dá dor de cabeça às fábricas são os alarmes, seguidos por travas e vidros elétricos. Os kits GNV e flex e ar-condicionado ficam na lanterna.

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